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Terça-feira, 19/03/2024
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Crianças de 7 a 12 anos

As melhores dicas reunidas, desde a fase dos "porquês" até a pré-adolescência.

Bases para um diálogo com jovens

Alguns casais comentam que se sentem muito frustrados quando os filhos demonstram – com total clareza e, por vezes, sem a menor piedade – sua preferência por um dos pais. Seja para conversar, brincar, fazer confidências ou tirar dúvidas, essa predileção provoca no outro um incômodo sentimento de menos valia e rejeição, assim como certa dúvida sobre sua capacidade de dialogar. Muitos temem também que essa relação mais forte com apenas um dos progenitores possa trazer algum tipo de prejuízo no futuro.

O ideal, é claro, seria que os filhos conversassem com ambos os pais.

Mas como o ideal nem sempre corresponde ao real, digamos que já é muito bom se eles mantêm aberto o canal de comunicação com pelo menos um dos pais. Independente de ser um excelente pai ou uma mãe maravilhosa, os filhos sentem mesmo mais afinidade com um dos dois. Muito mais em função da personalidade ou do jeito pessoal de ser de cada um do que por alguma inabilidade específica. Às vezes, justamente por terem temperamento parecido  é que o diálogo fica mais complicado. Não significa que não haja afeto ou amor, mas que simplesmente a interação com o outro é mais fácil. O importante, no fim das contas, é que um, pelo menos, esteja orientando o filho. Se o pai ou a mãe, não importa.

Vale a pena, porém, para os que não conseguem conversar com os filhos, tentar ver se não é a própria forma de conversar que caba com o diálogo. Alguns pais não podem ouvir uma confidência dos filhos sem logo fazer uma preleção (que, aliás, os jovens odeiam); outros se impacientam porque o filho dá detalhes que não vêm diretamente ao caso; enquanto outros mais se chateiam porque o jovem é tão sucinto que parece que não querer conversar… E já começa uma discussão sobre “forma” que inviabiliza a troca de idéias sobre o conteúdo.

Em geral, todas essas atitudes derivam da ansiedade ou medo de que algo negativo aconteça ao filho. Porém, seja qual for o motivo, é quase certo que, numa outra vez, o jovem procure outra pessoa para se abrir. É muito importante saber ouvir, ouvir bastante, ouvir muito. Deixar que falem mais do que falar. Adolescentes conversam muito entre si exatamente por que sentem as mesmas inseguranças e sendo alguém “da turma” sabem que não serão reprovados ou julgados. É importante que eles não sintam um clima de crítica, reprovação ou de falta de confiança quando conversamos. É claro que isso nem sempre é muito simples, até porque o que constitui problema para um jovem de doze ou catorze anos, pode parecer até ridículo para um adulto de quarenta. Daí que por vezes botamos tudo a perder com expressões que nos escapam dos lábios inadvertidamente como “mas é qual é o problema?” É preciso um esforço para lembrar-nos da época em que estávamos na mesma fase – o que ajuda muito no caso.

Depois de ouvir, de preferência em silêncio, apenas mostrando interesse por meio de expressões incentivadoras (“foi mesmo?”;“e depois, o que aconteceu?” ou “imagino como você deve ter se sentido”), chega o momento de expressar sua opinião. E a melhor forma de fazer isso sem que o diálogo seja rompido é compreendendo o enfoque do seu filho, a forma como ele vê e pensa o problema. Mesmo que você não concorde com ele, deixe que ele se expresse. E, ao expressar a sua idéia, não o faça como o único caminho. Não dá bons resultados sair logo falando, falando, apontando caminhos e soluções como se sempre soubéssemos tudo. De certa forma, é mais importante descobrir o que pensam e como pretendem encaminhar o problema e as soluções. É surpreendente como eles podem resolver sozinhos - e bem – muitas coisas… Alguns têm até mais equilíbrio que muito adulto. Muitas vezes nossos filhos só precisam falar para imediatamente vislumbrarem a solução para o que os está perturbando. Aliás, não apenas nossos filhos, mas muitos de nós, adultos, também reorganizamos nossas ideias apenas por termos a felicidade de existir alguém que nos ouve com amor e carinho. Sem julgamentos ou avaliações.

Sem dúvida, para pais carinhosos, é bem difícil manter silêncio ou ficar calminho ouvindo, quando se vê a solução ali, bem na nossa frente e podemos até fazer por eles o que estão inseguros para tentar. No entanto, muitas vezes, escapar dessa tentação é a melhor forma de ajudá-los a crescer. Perguntas do tipo “o que você está pensando fazer a respeito?” ou “você já tem alguma ideia de como agir?”, ajudam bastante – e a ambos. Ao pai porque acaba sendo um treinamento eficiente para controlar a vontade de determinar caminhos; e para o filho porque lhe dá a possibilidade e a confiança de pensar alternativas para o que o aflige com o apoio de alguém em quem confia.

Nem sempre a solução que eles apresentam coincide com a que nós daríamos, mas quando ouvimos sem preconceitos, sem achar sempre que a nossa é a melhor e a mais correta, poderemos ter grandes e gratas surpresas: o “jeito” de eles encaminharem as coisas também funciona!  Aí, é só dar aquela força, apoiar, mostrar sua admiração pela forma de agir e pensar.

Isto é tão importante! Sentir que o pai e a mãe apoiam suas iniciativas (e até concordam com elas) é extremamente positivo para o amadurecimento do jovem, abreviando, assim, a insegurança da adolescência. E pode também servir para que, nos momentos de discordância, haja mais confiança mútua, apesar das diferenças.

Se um dos pais não consegue conversar, mas dá apoio e concorda com o que tem diálogo mais fácil com os filhos, ótimo. Pelo menos, não atrapalha o que está orientando: por ciúme, quem foi alijado da conversa tende a menosprezar a solução encontrada. Por fim, aquele que consegue conversar pode tentar descobrir o porquê do não entendimento com o outro progenitor, constituindo-se dessa maneira em veiculo para a melhoria das relações entre eles.

Tânia Zagury
Escritora, Professora e Educadora

 
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