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Quarta-feira, 30/10/2024
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Crianças de 2 a 6 anos

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Resgatar jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais com roupagem atual

Alguns discursos, na área da educação infantil, vêm sendo traçados, na medida em que devemos resgatar os jogos, brinquedos e brincadeiras tidas como tradicionais. Brinquedos como: pião de madeira; papagaio de papel, pipa, pandorga ou raia, brincadeiras de bolinha de sabão, amarelinha, cantigas de roda, pé de lata, entre outras tantas são consideradas como tradicionais dentro da educação infantil.

Precisamos refletir sobre isto, porque o que foi importante para uma geração pode não ser mais interessante para outra, e forçar isto dentro da educação infantil como sendo algo relevante, só porque é “moda” ou um “movimento” pode ser perigoso, sem sentido e significado para a geração atual. E na educação precisamos sempre pensar em aprendizagens significativas. Não que sou contra resgatar estes jogos, brinquedos e brincadeiras, não é isso!

Vivenciei uma situação muito interessante em uma creche. As estagiárias do curso de Pedagogia quiseram fazer a brincadeira Pé de Lata com as crianças, para que todos pudessem brincar. Pois bem, latas foram encapadas e furadas, colocado barbante para que todos pudessem se equilibrar. Dia de sol, todos na quadra, parecia tudo perfeito. Estagiárias animadíssimas e professoras também, crianças saltitantes porque estavam em outro espaço e mais livres.

Na hora da brincadeira, algumas crianças nem deram bola para o brinquedo, e resignificaram o objeto brincando como se estivessem empurrando  carrinhos. Enquanto isso, as professoras e estagiárias que vivenciaram esta brincadeira na infância, se deliciavam em momentos de alegria, resgatando, em suas memórias, situações significativas para elas. Fiquei só observando, e sei que elas não estavam erradas e nem fizeram isso com esta intenção, apenas queriam que as crianças também tivessem em sua memória, quando adultas, as lembranças boas, mas não era isso o episódio que acontecia com as crianças.

Fiquei questionando: as crianças de hoje podem até brincar ou resignificar os brinquedos tradicionais, mas para elas que nasceram e vivem na era tecnológica, isso talvez não seja relevante, e possa parecer até estranho andar em cima de latas.

É outra época, outra geração, outro momento econômico, social, político, histórico e tecnológico. Reinventar estas brincadeiras com outra roupagem, talvez fosse mais interessante para as crianças, se elas gostassem de brincar! Já estão fazendo isso com os brinquedos, por exemplo, o pião de madeira agora dá lugar ao pião de plástico que acende luzes, muda de cor etc. O mesmo acontece com a bolinha de sabão. Quando eu era criança, nós brincávamos com bolinha de sabão, com um copo de água com detergente e o canudo era a folha de mamona, hoje existe um recipiente plástico que contém o líquido e as crianças somente assopram. Existe outro tipo de brinquedo hoje no mercado, que particularmente não gosto, que é uma pistola que você aperta e sai bolinhas de sabão, parece um revólver, ou melhor, é um revolver de bolinha de sabão. Isto merece uma reflexão, pois em uma sociedade tão violenta, um brinquedo como este que parece ser inocente, pode acabar incentivando a violência.

Mas voltando ao assunto, o que pode ser interessante para os adultos, para as crianças não é e vice-versa. Perceber estas sutilezas é necessário para que se possa trabalhar com a aprendizagem significativa para as crianças. Também não pode ser abandonado o passado, então porque não mostrar, por exemplo, quando brincar de bolinha de sabão, como era realizada esta brincadeira no passado e as opções que temos hoje, isto é, mostrar a evolução, a história viva, isso é resgatar a memória e trabalhar com significância, porque é mostrar e vivenciar todo o processo de mudança que nossa sociedade vive e que não tem mais volta.

Dra. Vanda Cristina Moro Minini
Pedagoga

 
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