Gestantes
Esta seção vai ajudar as gestantes a entenderem melhor o milagre da gravidez
Gravidez não é bico de sete cabeças!
A gravidez, o parto, o pós-parto, a amamentação e os primeiros meses do bebê são acontecimentos vitais que trazem muita alegria para a família, mas que também apresentam suas dificuldades.
Mesmo que nem tudo sejam flores, não é necessário que seja um tempo repleto de espinhos. A cultura latina tem uma tendência a valorizar o sofrimento, principalmente o sofrimento materno.
Não é por acaso que o verso mais conhecido da língua portuguesa no Brasil é – Ser mãe é padecer no paraíso – do soneto Ser mãe, de autoria do poeta Coelho Neto (1864-1934), pois é consenso que o padecer vem em primeiro lugar, e só depois o paraíso. Nossa cultura também apresenta a mãe como um ser perfeito, que ama sempre e incondicionalmente, que é um anjo e, portanto, é também assexuada. O pai, por sua vez, surge continuamente como forte, protetor e provedor de todas as necessidades da família.
Essa mãe e esse pai perfeitos só existem, no entanto, no imaginário popular, mas as cobranças para que os pais correspondam a esse imaginário existem na maioria de nossas relações familiares e sociais e inclusive em nós mesmos.
A verdade, contudo, é que as vivências da gravidez, parto e relação com o bebê são frequentemente fartas de sentimentos contraditórios. Nós, humanos, nem sempre temos um sentimento imutável a respeito da maioria das coisas: é comum termos um lado que quer, outro que recusa, um lado que aceita e outro que rejeita.
Assim, mulheres e homens entram em conflito consigo mesmos por não terem exultado quando receberam a confirmação da gravidez. Muitas vezes mesmo os que planejaram a gravidez, sentem-se confusos, amedrontados com sua confirmação (pensando será que fizemos bem? será que é este o melhor momento para que tenhamos um filho?), quanto mais os que não planejaram, mas que “permitiram” que a gravidez ocorresse, de uma forma ou de outra, descuidando-se da contracepção.
E estes, que ficaram grávidos “sem querer, querendo”, a experiência mostra que, se não são a maioria, constituem grande número. E nunca vai haver um “tempo ideal, perfeito,” para se ter um filho.
Assim, se você se “desesperou” quando teve confirmada a gravidez, provavelmente sentiu culpa, principalmente porque todos a quem era dada a notícia ficavam exultantes e lhe davam parabéns. E, portanto, você nem podia confessar os sentimentos de susto, tristeza e culpa.
Mas, se você está lendo este artigo para se preparar para viver melhor este período de sua vida é porque o seu lado favorável a ter um filho venceu o lado que temia.
Alie-se com essa capacidade de aceitação e confie que vai dar certo. As coisas podem sempre ser mais simples do que pensamos e temos que adotar a política de simplificá-las ao máximo. Nossa cultura parece que gosta de complicar.
Algumas pessoas adotam o slogan: por que simplificar se podemos complicar? Adote o lema oposto. Se você, futura mamãe ou papai, chegou vivo até aqui é porque foi razoavelmente bem cuidado quando bebê, na infância e na adolescência, até que aprendeu a cuidar de si mesmo.
Assim, você deve ter armazenado em seu cérebro esses bons cuidados e provavelmente essas lembranças inconscientes serão acionadas e você se verá acertando coisas sobre seu bebê sem saber como acertou. Algumas vezes, é claro, você não saberá o que fazer, mas procure ter uma rede de familiares, de amigos e de profissionais que lhe ajudem a sair das dificuldades.
Escolha com cuidado esta rede: é importante que estas pessoas concordem com sua maneira geral de pensar sobre como cuidar de seu bebê e mostrem que confiam em sua capacidade e não lhe tirem as forças, não queiram “substituí-los”, mas apenas ajudá-los.
Além de tudo isto, o bebê não é tão frágil quanto parece. Peçam ao pediatra para fazer, na frente de vocês, o teste do reflexo de preensão palmar: o pediatra coloca cada um de seus dedos indicadores em cada uma das mãos do bebê, ele agarra firmemente os dedos do pediatra, que o levanta.
Se o bebê estiver bem, será levantado vários centímetros e não cairá e fará força para segurar a cabeça. Portanto, os papais não precisam ficar apavorados de carregar o bebê, temendo que algo aconteça com a cabeça dele se o segurarem meio sem jeito no início.
Outro fato em que devemos pensar para nos acalmar é que muitos conhecimentos vão sendo passados de geração a geração sem questionamento e, às vezes, as circunstâncias mudam e as pessoas continuam tendo atitudes que já não são necessárias, como por exemplo, ferver a água do banho do bebê em locais em que a água é tratada com cloro.
Antigamente como muitas cidades não dispunham de água tratada, era necessário ferver a água do banho do bebê.
Hoje, isso só precisa ser feito se ela for proveniente de poço ou de nascente. Se o bebê nascer em uma maternidade de uma cidade que tem água tratada, os primeiros banhos que lhe darão, ainda na maternidade, não serão com água fervida e sim com água da torneira. Portanto, não há razão para que os banhos posteriores sejam com água filtrada e fervida.
O bebê tem suas defesas e nem tudo que vai ser usado por ele precisa ser esterilizado. Só é necessário esterilizar os recipientes de coleta e armazenamento de leite. Sobre cada coisa que lhe ensinarem, procure saber o fundamento, com alguém que tenha conhecimentos atualizados, para não se prender em ações inúteis.
Dr. Marcos Renato, Vitória Pamplona e Tomaz Pinheiro da Costa.
Conteúdo do livro: Da Gravidez à amamentação “O dia-a-dia de um importante período de nossas vidas”
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