Crianças de 2 a 6 anos
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Explicando o inexplicável
Por mais que se tente é quase inevitável evitar que crianças assistam às reportagens assustadoras que os noticiários apresentam. A mídia repete à exaustão qualquer notícia que possa reter o espectador na emissora. Programas são interrompidos para exibir novos detalhes de um crime ou investigação. Não há qualquer preocupação com quem está do outro lado da telinha, o que suscita, nas crianças, perguntas difíceis de serem respondidas.
Afinal, como explicar: pais que matam filhos, jovens que matam avós, crianças que atiram em seus professores? Há explicação plausível? Adultos que somos não temos respostas. Só hipóteses para explicar o que leva seres (ditos) humanos a tanta prepotência, roubos ou à inacreditável situação em que pai e madrasta, mancomunados, atiram uma menininha de cinco anos pela janela. Como criar pessoas emocionalmente saudáveis num mundo em que loucura parece ser regra? Como dar segurança se não a temos? Como criá-los para confiar se devemos preveni-los “contra estranhos” ou para o uso adequado (restrito) da Internet, telefone etc.?
Se por um lado, precisamos mostrar-lhes a realidade para que não cresçam despreparados para a vida, por outro, não podemos apresentar-lhes o mundo com fatalismo e derrota, porque é essencial que eles não percam a esperança no futuro. Torna-se, pois, necessário, começarmos a olhar de outra forma para o que vem ocorrendo.
E ocorre que fatos chocantes atraem mais leitores. A norma não é notícia. O que foge a ela, sim. Pela maciça quantidade de tragédias que a mídia expõe, acabamos com o olhar torto: não conseguimos mais acreditar nas pessoas, nem enxergar os milhões de seres humanos intrinsecamente honestos que trabalham diária e corretamente país afora, ainda que em troca de mísera remuneração. Enquanto os íntegros continuarem firmes e não se deixarem corromper, a ação educativa junto às novas gerações ainda será passível de sucesso. Mas, se os que educam perderem a capacidade de luta, aí, realmente nada terão a dizer a não ser “cuidado, o mundo (inteiro) é mau”. Precisamos lembrar que “mundo”, “homem” – todas as generalizações – são abstrações. O que existe é cada homem: milhões de “individualidades” que, em conjunto, irão constituir o mundo ou o homem.
O que temos de explicar se nos perguntam: “se eu não me comportar meu pai vai me jogar pela janela?” é que existe todo tipo de pessoa – agressiva, ou meiga, honesta ou corrupta, desequilibrada ou justa. Que cada um de nós pode ser o que quiser: mocinho ou bandido, herói ou vilão, “do bem” ou “do mal”. É essencial focar a diversidade do ser humano, assim como a capacidade pessoal de tolerar fracassos ou limitações e a necessidade de aceitar limites (pessoais e sociais). Convém ponderar também – de acordo com a idade e a maturidade de cada um – que o número de pessoas desonestas, violentas e desequilibradas pode aumentar muito quando a sociedade (leia-se, governantes) deixa de fazer o que lhe cabe. Emprego digno, educação e tratamento justo para todos diminuem muitíssimo a violência. Corrupção e impunidade, ao contrário, aumentam-na geometricamente.
Quando for hora, mostre-lhes que ainda não temos uma justiça de fato “cega”, mas que esse dia pode chegar – com a ajuda de cada um dos que lutam pela harmonia entre os homens. E, enquanto esse dia não chega, vá lhes mostrando que, na própria vizinhança, há meninos mais e menos legais, assim como os há agressivos e afetuosos. Deixe que aprendam a ver diferenças de caráter como sinais da diversidade, mas também como bons referenciais para escolhas. E que tudo isso somado (diferenças individuais, somadas à impunidade e injustiças sociais) é que faz com que alguns matem e outros lutem honestamente. Por isso, temos criminosos, mas também pessoas íntegras em todas as classes sociais.
Dediquem-se a ensiná-los a escolher os bons. Diga-lhes, finalmente, que o mundo espera por eles – com muito trabalho pela frente, mas o bom trabalho – o que leva à superação das crises, ao crescimento e ao progresso.
Tânia Zagury
Escritora, Professora e Educadora
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