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Crianças de 7 a 12 anos

As melhores dicas reunidas, desde a fase dos "porquês" até a pré-adolescência.

A idade certa para “namorar”

Certamente impor regras rígidas não é a melhor forma de prevenir iniciação sexual precoce. Por outro lado, assustados frente a tantas mudanças de comportamento, muitos pais me perguntam como agir quando a filha de onze anos, por exemplo, lhes relata que “ficou” com quatro meninos, numa só noite na balada… É uma compreensível preocupação; afinal, para os pais, certas “nomenclaturas moderninhas” não fazem o menor sentido. Aliás, fazem sim, um sentido só: apavoram!

“Ficar”, “ter um rolo”, “transar”, “namorar” são termos cujas interfaces parecem muito tênues ou difíceis de definir. Pelo menos para quem tem mais de trinta…  O que dizer então do VBL? Quem sabe o que a sigla significa – virgem de beijo de língua – muito usada por adolescentes de onze, doze anos, realmente se espanta.

Algumas coisas não precisam e nem devem começar cedo demais. Sem falsos moralismos. É uma questão de prevenção. Adolescentes entre dez e treze anos, por exemplo, ainda são imaturos física e emocionalmente. E há atitudes que, se tomadas apenas ao sabor do prazer e das inebriantes sensações alavancadas pela exuberância hormonal da fase, podem trazer consequências sérias. Doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce, entre outras. Se a imaturidade física preocupa, a emocional preocupa muito, muito mais. Não é por outra razão que casais de adolescentes que engravidam muito cedo e depois se casam, acabam se separando um ou dois anos depois. Afinal, ambos, nesse meio tempo, transformaram-se em outras pessoas. Dois desconhecidos que tem um filhinho tão imaturo quanto eles…

O lado bom da história é que, quando bem orientados, os jovens não costumam sair por aí transando ou ficando com quatro ou cinco parceiros na mesma balada, como parece aos mais apocalípticos. Que eles estão ficando mais cedo é fato, mas o limite do ficar é muito relativo: depende de cada um. Então porque não ensinar esse limite a eles? O lado ruim é que a família, hoje, não acredita na sua força – a força do amor e do exemplo – e acaba muitas vezes se omitindo “para não parecer antiquada e quebrar a comunicação”. E assim, perdem-se excelentes oportunidades de orientar e ensinar conceitos essenciais sobre sexualidade à garotada.

A idade de início de vida sexual no Brasil de acordo com vários estudos sérios é de dezesseis anos para meninas e catorze para os meninos – em média.  Portanto, por que não convencer seus filhos a se situarem como a maioria ou até um pouco além da média? É preciso, porém, conquistá-los para essa ideia, enquanto se ganha o tempo necessário a que adquiram um pouquinho mais de saber e maturidade. É incrível como dois anos nesta fase da vida fazem diferença… Alcançar essa meta, porém, não é fácil. Eu sei: requer habilidade e muita paciência dos pais. É preciso fazê-los compreender que sendo o sexo uma coisa muito prazerosa, não se precisa abrir mão dele, desde que se respeitem certos limites. É uma luta, mas é preciso convencê-los de que não há vantagem alguma em começar a ter relações sexuais efetivas antes de estarem emocionalmente seguros, além de bem informados sobre as responsabilidades decorrentes de tal decisão.

Ficar, por outro lado, é um comportamento sexual bem mais compatível com o início da adolescência. E não é sinônimo de “transar”. Também importa bastante saber que a impressão de que todo adolescente transa mal completa onze ou doze anos é infundada. Uma parte sim, mas não todos, como informam os dados das pesquisas.   Pode até ser que acabe se tornando totalidade, com tanto incentivo nos meios de comunicação… Não, porém, se receberem informações adequadas.

Compete aos pais mostrar que os filhos não são obrigados a adotar comportamentos que não queiram, só porque “os amigos” dizem que o fazem. Cada um deve viver de acordo com o que acredita e com o que quer, bem como de acordo com seus sentimentos e crenças. Precisamos dar a nossos filhos a segurança que lhes permita poderem dizer não e defender suas próprias verdades, sem medo de perder “amigos” ou a aceitação do grupo. Não podemos deixar que sejam manipulados.

O que tem ocorrido com freqüência é, em torno dos dezesseis, dezessete anos, eles começarem a namorar “firme” e, em decorrência, acabarem iniciando conjuntamente também sua vida sexual (transar). Especialmente porque esse tipo de “namoro firme” é quase um casamento, com tanta liberdade que os jovens têm hoje em suas casas. Praticamente passam todos os finais de semana juntos, ora na casa de um, ora no do outro, até que a relação ocorre. São relacionamentos que costumam durar entre três e quatro anos. Por isso estabelecer datas a serem obedecidas é ingenuidade – tudo vai depender da orientação de cada família e da cabecinha do jovem. Lembrando, porém, que o que está na cabecinha dos jovens tem muito a ver com o que nós lá colocamos. Nem todos os comportamentos dos nossos filhos – felizmente – são espelho da mídia. Quanto mais cedo dialogarmos, habituando-os a tirarem suas dúvidas conosco, melhor.

É essencial ouvi-los, trocar ideias, falar sobre a importância de se sentirem bem, livres – desde que, logicamente, essa máxima valha não apenas para rejeitar regras familiares ou sociais, mas também para capacitá-los a dizer não ao que amigos os incitam a fazer que eles verdadeiramente não desejem.

É uma tarefa importantíssima e um desafio convencer os filhos da importância de não se deixarem impressionar por tudo que amigos contam – especialmente vantagens… Também vale a pena mostrar que ser moderno e liberal não significa abandonar valores que devem ser preservados. Por exemplo, a busca de um parceiro adequado, a importância da tolerância mútua e da compreensão.

Pais que têm sucesso no dialogar sobre sexualidade são aqueles que conversam não apenas sobre o que é certo ou errado, o que pode ou não pode, sobre concepção e doenças sexualmente transmissíveis (itens importantes, sem dúvida), mas também discutem especialmente as diferenças conceituais entre paixão física x amor; licenciosidade x liberdade; respeito próprio e responsabilidade social x pressões do grupo; liberdade x promiscuidade; prazer x felicidade e outros mais que certos grupos teimam em apresentar como sinônimos, sem que obrigatoriamente o sejam.

Não há uma idade predeterminada para começar a namorar ou ficar. O ideal é que não aconteça cedo demais e sem informação. Se os tivermos orientado bem e nossos filhos forem minimamente equilibrados saberão fazer tudo direitinho…

Tânia Zagury
Escritora, Professora e Educadora

 

 
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