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O Significado de Realengo
Com uma população estimada de 236 mil habitantes, Realengo figura na 89ª posição no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano da cidade do Rio de Janeiro.
Passado o casamento real e a morte de Bin Laden, não se fala mais do massacre de Realengo. Seria melhor esquecer?
Ao ouvir o ilustre governador carioca se referir ao atirador como um “animal”, tive a convicção de que a questão da Saúde Mental infantil no Rio de Janeiro, como em todo o Brasil, não podia ir bem.
Num passado não tão distante, portadores de esquizofrenia eram queimados em fogueiras acusados de possessão demoníaca pela Inquisição.
Não se reconhecia àquela época esse transtorno neurogenético que provoca profundas alterações no funcionamento cerebral, devastando a vida do portador e de sua família.
Não se sabia também que a herdabilidade da esquizofrenia é altíssima, em torno de 0,8 (basta lembrarmos que estatura, a característica humana de maior herdabilidade, tem valor 1).
Qual a correlação de fatos aparentemente tão diversos?
Ao tratar o rapaz, portador de transtorno mental, como animal, o governador deixa claro sua absoluta ignorância em Saúde Mental, bem como sua total incapacidade de gerir ou tomar decisões nessa área. Sua atitude o remete à antiga instituição.
O rapaz, filho de mãe esquizofrênica e com um comportamento absolutamente atípico desde a infância, passou despercebido, não apenas pelo porteiro da escola de Realengo, mas por todos educadores, familiares e vizinhos, enfim, pela sociedade como um todo.
Ele e todas as crianças mortas no massacre não tiveram a sorte de alguém capacitado em Saúde Mental infantil cruzar o seu caminho, identificá-lo na multidão e jogar a bóia salvadora.
Falo em sorte, pois dela dependemos ao vivermos numa sociedade cada vez mais violenta e sob a tutela de um estado cada vez mais indiferente à Saúde Mental da criança.
Não ficaria admirado de ouvir um dia esse mesmo governador ou qualquer outra “autoridade” brasileira dizer que tais programas não são prioritários, pois, afinal, toda criança é feliz!
Nessa linha de pensamento me ocorreu que poderíamos tranquilamente atribuir a morte daquelas doze inocentes crianças e a do próprio atirador à incompetência do Estado.
Vale lembrar que consta na nossa cartilha do Projeto Atenção Brasil entre as recomendações para os governantes: “A identificação de pré-escolares em situação de risco para Saúde Mental e desempenho escolar viabiliza intervenções psicossociais precoces.
Essas intervenções são consideradas altamente eficazes na literatura especializada e incluem a atuação de profissionais das áreas de Assistência Social, Pedagogia, Psicologia, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Medicina”. “Programas de promoção da Saúde
Mental nas escolas. A capacitação e promoção do professorado viabilizando a capacitação de pais em temas como desenvolvimento e Saúde Mental infantil, educação para a resiliência e cidadania”. E, especialmente: “Programas de identificação e intervenção precoce em grupos de risco”.
A doença mental de Wellington Menezes de Oliveira teria sido precocemente identificada e aquelas crianças não teriam sido brutalmente mortas se a Saúde Mental infantil no Brasil não estivesse ao realengo.
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