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A chegada do irmão – O ciúme
A gestação e o nascimento do segundo filho sempre trazem preocupação aos pais quanto à possibilidade do primeiro filho sentir ciúmes do irmãozinho. Porém mais que uma possibilidade, trata-se de uma certeza, especialmente se a diferença de idade for de mais de dois anos. O mais velho vai sentir ciúmes, e a maneira como ele vai lidar com isso vai depender de sua personalidade e da forma como os pais se portarem.
Em nossa cultura, o ciúme é considerado como um sentimento negativo, que deve ser negado ou eliminado. Quantas vezes dizemos – “que feio, Pedrinho, você está com ciúmes de seu irmão! Não há motivo para isso, papai e mamãe te amam!”
Mas a verdade é que ele faz parte da natureza humana. Se normalmente temos dificuldade em dividir qualquer coisa, imagine para uma criança o que significa dividir o carinho e atenção de seu pai ou de sua mãe. Portanto é muito natural que o irmão mais velho sinta-se enciumado do irmãozinho que vai chegar.
Assim, desde o início da gestação alguns cuidados podem e devem ser tomados, para minimizar o sofrimento (inevitável!) do mais velho.
Se houver alterações a fazer na vida do irmão mais velho, deve-se fazê-las antes ou bem depois do nascimento. Por exemplo, a ida para a escola, a mudança da pessoa que vai tomar conta dele, de cama, de quarto, e outras providências. Tudo para que ele não associe as mudanças a perdas devidas ao nascimento do irmão.
É muito importante explicar realisticamente como é um bebê: alguém que chora muito, que tem de trocar as fraldas a toda a hora, e que não fala… E que vai demorar um pouco até que possam brincar juntos, ao contrário do que se costuma dizer.
Após o nascimento pode-se procurar mostrar como o bebê gosta do irmão, como se acalma e sorri na sua presença, dando sempre um enfoque positivo para ajudar a criar uma simpatia mútua.
É muito saudável também permitir ao mais velho que exponha seus sentimentos e que os vivencie, dentro das possibilidades de sua idade. Deve-se facilitar quer os sentimentos negativos sejam explicitados, por exemplo, dizendo: “eu sei que é difícil para você dividir as atenções com seu irmão”. Mesmo que ele negue estar enciumado!
Muita atenção no primeiro contato dos irmãos, que é o momento mais difícil. Ele geralmente se dá no hospital ou na volta para casa. A mãe deve procurar não estar com o bebê no colo quando for se encontrar com o mais velho. E tentar dar a este o máximo de atenção. Deve ainda amamentar sempre com discrição, pois este é outro momento delicado para o mais velho.
A forma como a criança vai manifestar o ciúme varia muito. Desde a negação, até a mais comum, que é a regressão. A criança volta a se comportar como bebê, perde o controle já adquirido dos esfíncteres, e assim por diante. Se isto acontecer, o melhor a fazer é respeitar esta fase, e mostrar à criança que ela continua amada, mesmo se comportando assim. Porém às vezes o mais velho pode agir com agressividade, e os cuidados devem ser tomados para que ele não machuque o mais novo. Como por exemplo, nunca deixá-los sozinhos. É claro que este comportamento tem de ser contido e evitado, mas sem agressividade.
Especial papel tem o pai nesse processo. Por ter mais tempo disponível (já que a mãe está às voltas com a amamentação e as fraldas), ele pode se dedicar ao mais velho, procurando levá-lo a passeios e outras atividades. É uma excelente oportunidade de aproximação entre eles.
E o tempo fará o resto…
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