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Gestantes

Esta seção vai ajudar as gestantes a entenderem melhor o milagre da gravidez

O pediatra na sala de parto

O obstetra, convenhamos, é um abnegado. Trabalha sem horário, folgas ou feriados, por uma remuneração que na maioria das vezes está muito longe da responsabilidade que tem nas mãos.  Mas o neonatologista tem o pior de dois mundos. Seu horário é igual ao do parteiro, mas seu honorário  geralmente é de 30% do ganho do obstetra. Portanto é preciso que o pediatra goste muito do que está fazendo. O ideal é que o pediatra também acompanhe o trabalho de parto. Assim poderá se inteirar de todas as ocorrências, medicamentos ou anestesias utilizadas.

 Um bom hospital deve ter uma sala exclusivamente para a recepção dos recém-nascidos dentro do centro obstétrico, equipada para os primeiros cuidados. Deve ter um berço aquecido, equipamentos e medicamentos para reanimação e para a identificação do bebê.

Algumas considerações devem ser feitas sobre o comportamento da mãe e do pai na sala de parto. Uma postura de calma e confiança no trabalho da equipe ajuda a manter um ambiente positivo. Seguir todas as orientações e procurar não encostar-se a nada sem autorização, já que muitos objetos existentes na sala de parto são esterilizados. Se forem tocados tornam-se contaminados podendo trazer risco de infecção para mãe e filho. Se o parto for natural, a atitude de colaboração da mãe e o apoio do pai são fundamentais. É a hora de colocar em prática os ensinamentos recebidos no curso de preparação para pais.

 Quando o bebê nasce, o pediatra o recebe das mãos do obstetra envolvendo-o em campos (panos) estéreis previamente aquecidos.  A seguir presta os cuidados de  rotina. Enxuga o bebê, que geralmente nasce coberto de uma substância branca chamada vernix caseoso, um tipo de cera que serve para proteger a pele do bebê. Verifica a respiração e os batimentos cardíacos e faz um rápido porém completo exame físico procurando detectar qualquer anormalidade.

Em seguida liga (amarra) o cordão umbilical e identifica o bebê. Este é um passo crucial para evitar uma das maiores  preocupações das mães: a troca de bebês. Nenhum bebê pode sair da sala de parto sem estar devidamente identificado. Isto é feito através da obtenção das impressões plantares e digitais do bebê e digitais da mãe. E da colocação em ambos de pulseiras contendo os dados do bebê, da mãe e do parto. Em alguns hospitais usa-se um método mais moderno de identificação pela análise do DNA.

Resta ainda realizar as mensurações do bebê. Peso, estatura, perímetro cefálico, torácico e abdominal. Os bebês que nascem de tempo certo pesam por volta de 3 quilos e medem cerca de 50 centímetros. Procede-se ainda ao método de credeização, que consiste em pingar colírio de nitrato de prata para prevenção da conjuntivite gonocóccica. Algumas destas medidas são normas estabelecidas pela lei federal n. 8.069/ 90, o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Um bebê nascido em boas condições deve ser colocado para mamar logo após o nascimento, propiciando o fundamental contato “olho-no-olho” com a mãe, ficando para serem feitos depois os cuidados de rotina. Caso contrário é levado diretamente para a chamada sala de reanimação, onde receberá a atenção adequada a seu caso.

 Em alguns hospitais aplica-se logo após o nascimento uma injeção de vitamina K para prevenir sangramentos ou hemorragias no recém-nascido.

Caso seja necessário realizar algum exame colhe-se sangue do cordão umbilical evitando assim uma picadinha no bebê. Exemplo disso são os casos em que a mãe é Rh negativa e se deseja saber o tipo de sangue do bebê. Se o bebê for Rh positivo medidas de prevenção serão tomadas, como a aplicação de uma vacina na mãe e a observação da ocorrência de icterícia na criança. O pediatra verificará também o Apgar do bebê.

A neonatologia, já disse alguém, é 99% de pura rotina e 1% de puro pânico. São  situações muitas vezes imprevisíveis, em que é essencial a presença de um profissional preparado para agir rapidamente, reanimando o bebê e evitando problemas futuros. Existem situações especiais que podem ser diagnosticadas durante o pré-natal (como  diabetes materno, cardiopatias ou outras malformações no bebê) para as quais o pediatra já estará preparado no momento do nascimento, tomando as medidas necessárias para cada situação.

     Outra circunstância desfavorável que pode ocorrer ainda durante a gestação é uma situação chamada sofrimento fetal, conseqüente a anóxia intra-útero.. As causas podem ser de origem materna (problemas de pressão arterial, por exemplo) ou fetal. Mas a conseqüência é a mesma. O bebê pode evacuar dentro da bolsa das águas. Estas fezes, chamadas mecônio, são extremamente prejudiciais quando entram em contato com as vias respiratórias da criança. Se o bebê vier a aspirar este mecônio graves problemas respiratórios poderão advir, como veremos no capítulo da UTI neonatal. Quando há mecônio presente cuidados adicionais devem ser tomados pelo neonatologista.

 Analisando as características físicas do bebê, o neonatologista pode fazer uma estimativa da sua idade gestacional através do chamado método de Capurro. Correlacionando esta idade com o peso é possível estabelecer uma classificação do bebê. Podemos dizer se ele é prematuro, se nasceu de tempo certo, ou se passou da data. E ainda, se o seu peso é pequeno, adequado, ou grande para a idade gestacional que possui. Tudo isto tem implicações nos cuidados subseqüentes com o bebê.
 
O pediatra fará uma avaliação final para decidir para onde será encaminhado o bebê. Se vai para o alojamento conjunto para ficar ao lado de sua mãe, para o berçário para melhor observação ou até para a UTI neonatal.

Considero o neonatologista um privilegiado, pois participa deste momento único e especial na vida da família.  A emoção sentida nesta hora compensa todas as dificuldades da profissão. Este forte elo de ligação perdura por toda a vida.

Ruy do Amaral Pupo Filho
Pediatra, Sanitarista e Escritor

 
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