Gestantes
Esta seção vai ajudar as gestantes a entenderem melhor o milagre da gravidez
Plantão Médico – Parto normal ou cesariana ?
Parto normal ou cesariana?
O médicos acabaram de ouvir a história do Dr. Roberto, que era um pediatra muito conhecido e querido por todos. A maioria ficou surpresa, pois não sabia o verdadeiro motivo de sua mudança do interior para a cidade grande. Alguns comentaram que, neste país, honestidade demais atrapalha…
Logo um outro assunto entrou em discussão. Parto normal ou cesariana? Qual o melhor? Vários dos presentes se manifestaram em favor da cesárea.
Nessa hora o Dr. Renato retornou da sala de espera do Centro Obstétrico. Tirou a máscara, deixando à mostra um estranho sorriso em seu rosto. Provavelmente era uma expressão do alívio que sentiu, após conversar com Paulo, o marido de Sílvia.
Sabendo da predileção do pediatra pelo parto natural, um residente de obstetrícia o abordou. – “Dr. Renato” – disse ele –“é verdade que o senhor prefere o parto normal à cesariana?” –“Sim, sem dúvida”- respondeu o veterano Renato.
-“Mas parece que o senhor está em minoria, pois o que mais se vê por aqui é cesariana.” –prosseguiu o residente –“Parto normal, só muito raramente…”
-“É verdade”- concordou o doutor Renato. –“Existe hoje uma verdadeira epidemia de cesarianas. Obstetras, pacientes, mídia… ninguém mais quer parto normal em nosso país. Mas isto é um engano!”- ele começou a se inflamar. E prosseguiu:
-“E que só acontece no Brasil! Nos hospitais particulares, como este, a taxa de cesarianas passa de 90%, é um absurdo! E vocês sabem qual é a taxa de cesarianas no Japão? Apenas 8%! Na Áustria? 15%! E nos Estados Unidos? Apenas 25%… Aqui na Maternidade Bom Parto, os dados do mês passado indicaram uma taxa de cesarianas de 95%!
Além dos pediatras, alguns obstetras e residentes de obstetrícia passaram a prestar atenção no discurso do doutor Renato.
-“Mas a cesariana não é melhor para a mãe e para o bebê?”- perguntou uma das residentes de obstetrícia. E prosseguiu: -“A mãe não sente dor, o bebê nasce bem mais tranqüilo… Pelo menos é isso que nós temos aprendido.”
-“Não, de forma nenhuma!” – discordou veemente o doutor Renato. –“Isso é apenas ilusão. A cesariana é uma cirurgia, sujeita a complicações próprias de um ato cirúrgico. Nela todo o abdômen é aberto, várias estruturas são cortadas e depois suturadas. A mãe pode não sentir dor na hora do parto, mas com certeza vai sentir depois. E o parto normal também pode ter anestesia, é bom lembrar… Na cesariana, a recuperação é muito mais lenta do que num parto normal. A volta da paciente às suas atividades normais pode demorar bem mais.
-“Mas, e quanto ao bebê, não nasce melhor na cesariana?”- insistiu a residente.
-“De jeito nenhum!” – prosseguiu Renato. –“A natureza é sábia… durante a vida fetal, a respiração do bebê é feita através do cordão umbilical, e toda a sua circulação se faz de forma diferente. O sangue quase não circula pelos pulmões, é oxigenado na placenta. Para isso o coração do feto é diferente, tem algumas aberturas que o do recém-nascido não tem.”
“Após o nascimento tudo muda, rapidamente. Ele precisa respirar através dos pulmões e as estruturas anatômicas do coração se alteram para se adaptar à vida fora do útero. As passagens que só existem no coração fetal se fecham, na hora do parto ou logo após.”
-“E vocês sabem como isso é feito?” – perguntou o doutor Renato aos residentes que o rodeavam. –“Através do trabalho de parto? – arriscou uma residente.
-“Exatamente! – exclamou Renato. –“O trabalho de parto prepara o bebê para a transição entre a vida fetal e a vida fora do útero. Durante as cerca de doze horas que pode durar um trabalho de parto, são liberadas substâncias no organismo materno que vão chegar até o bebê e prepará-lo para nascer maduro, e para respirar bem. E há um outro fator, também fundamental. Dentro do útero, o bebê está imerso em líquido amniótico, que preenche totalmente seus pulmões e suas vias respiratórias. Quando o bebê nasce de parto normal, ele tem duas vantagens pelo menos sobre o que nasce de cesariana. Alguém sabe quais são?”
Ante o silêncio dos residentes, ele mesmo respondeu. –“Primeiro, através do trabalho de parto, ele nasce preparado pelos hormônios maternos para a transição da vida fetal para a vida extra-uterina, como acabei de dizer. Os buraquinhos a mais que ele tem no coração se fecham rapidamente. Segundo, a passagem apertada pelo canal de parto retira praticamente todo o liquido de dentro dos pulmões, facilitando muito sua respiração.”
-“’É por isso que o parto normal, quando possível, é o melhor para a mãe e o bebê, ao contrário do que muitos pensam atualmente. Especialmente perigosa é a cesariana marcada, sem que sequer a mãe entre em trabalho de parto. A chance de nascimento de um bebê prematuro ou despreparado para respirar é muito grande.”
-“É verdade, Dr. Renato”- concordou um residente de neonatologia –“nós temos visto na UTI-neonatal muitos bebês que nascem de cesariana e são prematuros ou ficam cansados, necessitando de suporte respiratório. Os pulmões ficam cheios de líquido, o coração ainda não se adaptou… até a respiração através de aparelhos é necessária eventualmente. Demora uns dias até que tudo se normalize. Mas às vezes surgem outras complicações, como as infecções, entre outras…”
Um dos obstetras, o Dr. Ariel, assistente do Dr. Delano, que até então apenas acompanhava calado a conversa, resolveu intervir. –“Olha, Renato, o que você disse é verdade, mas a pressão que nós, obstetras, sofremos é muito grande. A imprensa, as pacientes em geral, até a justiça, todos estão erradamente informados. Pensam que o parto normal é uma coisa ultrapassada e perigosa, e a cesariana uma coisa moderna e segura. Mas como você bem mostrou, não é nada disso… Mas, coitado do obstetra que insiste no parto normal. Outro dia no consultório, a mãe de uma gestante ficou revoltada quando eu disse que o parto de sua filha poderia perfeitamente ser normal. Ela me falou: o senhor vai expor a minha filha a um parto normal?”
-“Pois então, para superar isso é preciso uma ampla campanha de esclarecimento”- aduziu o doutor Renato. –“Estão disponíveis hoje técnicas que permitem uma monitorização do feto durante o trabalho de parto, o que permite que, a cada momento, o obstetra tenha certeza de que o bebê está bem.” E continuou: -“Na verdade, esta campanha já começou. O Conselho Federal de Medicina lançou, há poucos anos, a campanha Natural é Parto Normal, para esclarecer todas estas questões. É necessário que outros órgãos da sociedade se engajem nela, para que se possa atingir o objetivo de divulgar as informações corretas sobre as vantagens do parto normal sobre a cesariana.”
-“E digo mais”- prosseguiu inflamado o doutor Renato –“ é dever nosso, dos médicos, especialmente obstetras e pediatras, sairmos desta posição defensiva e partirmos para o ataque. Nós temos as informações corretas, é nossa obrigação esclarecermos e fazermos o melhor por nossos pacientes, mesmo enfrentando pressões contrárias. A cesariana é uma excelente alternativa, mas apenas para quando o parto normal não é possível.”
-“Mas doutor Renato, e o que o senhor diz sobre as mulheres que, mesmo estando esclarecidas, preferem uma cesariana?” indagou uma aluna.
-“Sou de opinião que sua vontade deve ser respeitada, se não houver contra-indicação médica. Mas o médico deve se certificar de que ela está bem informada sobre as características e as diferenças entre os dois tipos de partos. E eu ainda daria a esta mulher um conselho: você quer mesmo uma cesariana? Então, pelo menos, espere que seu bebê entre em trabalho de parto. Assim você terá certeza de que ele já está pronto para nascer…” – respondeu Renato.
-“Sem contar que há pacientes, as mais humildes, que por vezes nem sabem por que tiveram uma cesariana.”- disse a residente que provocou toda a discussão. Eu soube de um caso em que uma mulher simples, humilde, foi com seu bebê recém nascido ao pediatra para a primeira consulta. –“Seu parto foi normal ou cesariana?” – começou o pediatra com as perguntas habituais. – “Foi cesariana, doutor” – a mulher respondeu sem hesitar. – “E qual foi o motivo da cesariana?” – prosseguiu ele.
A mulher parou para pensar, surgiu uma expressão de dúvida em seu rosto. – “Olha, doutor, eu não sei não. Só sei que eu estava na sala de dor. Quando deu onze e meia da noite, entraram dois médicos. Um olhou para o outro e disse: vamos limpar a área?”
Todos riram, menos alguns obstetras, que apenas balançaram a cabeça…
Um anestesista entrou na conversa. –“Bom, eu sei de pelo menos um caso em que o parto normal foi perigoso. Mas para o médico…” Todas as atenções se voltaram para ele, que prosseguiu.
“Aconteceu em um hospital público federal de uma grande cidade brasileira. A auxiliar de enfermagem bateu na porta do consultório do pronto-socorro, no andar térreo do grande edifício.
O obstetra de plantão mandou-a entrar. –“Doutor” – disse ela. –“Sabe a paciente do parto normal que o senhor acabou de fazer?” –“Sei, foi tudo bem, o bebê nasceu bem, a mãe está ótima, o que houve?” – indagou ele. –“O marido dela está aqui no PS e quer falar com o senhor.” – retorquiu ela. – “Tudo bem, mande-o entrar” – respondeu o jovem médico.
A porta se abriu e entrou um homem baixinho, com cara de poucos amigos. O médico permaneceu sentado. O homem perguntou: -“Doutor, foi o senhor quem fez o parto da minha mulher?” –“Sim, por que?” – respondeu o obstetra.
-“Porque homem nenhum que viu minha mulher daquele jeito pode continuar vivo.” – disse o homem, sacando um revólver e dando três tiros no rosto do médico, que morreu na hora.
O homem fugiu e nunca foi preso.”
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